Números do Atlas do Estado Brasileiro do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) derrubam a ideia de que servidores públicos são marajás. De acordo com o estudo, que analisou dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2019, a média salarial dos servidores de todo o país é de R$ 2.727. Os servidores que ganham acima de R$ 30 mil são juízes, promotores, desembargadores, ministros e o Presidente da República.
O atlas também mostra que a maioria dos servidores atua nos municípios. Segundo a pesquisa, dos 11,5 milhões de vínculos de trabalho no funcionalismo público do Brasil, em 2018, metade dos servidores do país ganhava em média R$ 2.727. Um quarto (25%) recebia até R$ 1.566. E são esses profissionais, que hoje estão na linha de frente do combate à pandemia de Covid-19 arriscando suas vidas, ou enfrentando escolas sem segurança para dar aula as crianças, que sofrem ataques de parte considerável de políticos e da mídia.
“Os salários mais altos estão restritos a um pequeno grupo, mas o funcionalismo público é tratado como se esse fosse o perfil dominante”, diz o pesquisador do Ipea, Félix Lopes, coordenador do estudo. Em sua pesquisa, Lopes deixou de fora os salários pagos aos terceirizados. Ele também excluiu os chamados “penduricalhos” que, muitas vezes, aumentam as remunerações de juízes e procuradores acima do teto do funcionalismo de R$ 39,2 mil.
Interesses escondidos
Os governos liberais tentam esconder da população é que suas campanhas contra os servidores públicos, como a atual reforma administrativa em trâmite na Câmara, têm por trás interesses econômicos muito fortes do mercado financeiro, que quer abocanhar setores importantes que hoje estão sob a administração do Estado, como saúde e educação. Imagine como seria o atendimento da população durante a pandemia da Covid-19 se não houvesse o Sistema Único de Saúde (SUS)?
Para entidades representativas de servidores públicos e da sociedade civil em geral está claro que a atual reforma administrativa tem três interesses: a destruição dos direitos básicos da população e dos servidores, a precarização dos trabalhadores e a destruição do serviço público no país. (Com agências)