O governo federal está defendendo o corte nos salários de todos os servidores públicos federais. A equipe econômica do governo quer a aprovação, em regime de urgência, da PEC Emergencial (186/19), pelo Senado. A proposta prevê a redução temporária em 25% da jornada e salário de servidores em períodos de crise financeira, entre outros gatilhos.
A PEC não detalha o que seria um momento de crise financeira e não estipula um prazo para o fim de sua vigência. Ou seja, os salários poderão ficar reduzidos a partir do momento e pelo tempo que o governo desejar. A PEC prevê ainda o congelamento de concursos, promovendo um corte ainda maior de investimentos no serviço público.
Caso seja aprovada, a PEC pode significar para os servidores públicos da União perda da metade do poder de compra até 2026. A grande maioria dos servidores federais já está há quatro anos e ficará até dezembro de 2021 com os salários congelados. Como resultado apenas do congelamento desses anos, em 2022, os servidores terão perdido 40% do seu poder aquisitivo.
As novas alíquotas previdenciárias também já reduziram o salário dos servidores, desde março de 2020. Os descontos para a maioria são de 14,5%, podendo chegar a 22%.
Estratégia errada
O Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) constatou que, caso a redução de salários dos servidores seja aprovada, o Produto Interno Bruto (PIB) deve cair 1,4%. Com os cortes, a PEC Emergencial poderá retirar até R$ 55 bilhões de circulação, além de provocar o desemprego de duas pessoas a cada 100 que hoje estão empregadas, em um efeito dominó.
Na última segunda-feira, a montadora de automóveis Ford anunciou que vai encerrar a produção de carros no Brasil, fechando as fábricas em Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE). A Ford está presente há mais de um século no Brasil. Também na segunda, a General Mills, responsável pela marca Yoki, anunciou que vai encerrar as atividades na fábrica da cidade de Nova Prata, na serra gaúcha, demitindo 300 funcionários.
A fuga de investidores estrangeiros da bolsa de valores brasileira representou uma saída de R$ 87,5 bilhões em capital externo do mercado acionário nacional apenas entre janeiro e setembro de 2020. (Com agências)