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O Sintrasef e servidores públicos participaram neste sábado (5/2), na orla da Barra da Tijuca, do protesto para cobrar justiça pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe, morto no último dia 24. Moïse foi espancado por três homens no quiosque Tropicália após cobrar o pagamento de diárias atrasadas por serviços prestados ao estabelecimento. O ato foi organizado pelo movimento negro, por comunidades de imigrantes, coletivos e movimentos populares. Além do Rio, protestos também ocorreram em locais como São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Maranhão, Rio Grande do Norte e no Distrito Federal.
Sob cartazes como “vidas negras importam”, “justiça por Moïse” e “imigrantes importam”, o protesto seguiu alguns quilômetros da orla e concentrou-se em frente ao local do crime. Edvaldo Esteves, diretor da secretaria de relações externas, movimentos sociais, gêneros, etnias e raças do Sintrasef, afirmou que o sindicato esteve representando os servidores, “mas antes disso o povo negro, que está aí sendo sacrificado, assassinado e colocado para escanteio”.
Edvaldo lembrou que a população negra é a grande parte dos servidores públicos, mas infelizmente, como espelho do país racista, ocupa funções inferiores e tem salários menores do que os brasileiros brancos. Para ele, é hora “de os servidores e o Sintrasef estarem mais presentes nessa discussão e construção de um novo Brasil. Seja pelo trabalho e renda, sobretudo dos negros, seja contra o racismo”.
“O Sintrasef e entidades como a Unegro estiveram no ato para dizer que não iremos nos calar! Seguiremos em mobilização! Vamos cobrar que a prefeitura dê andamento em transformar os dois quiosques palco da barbárie em locais de propriedade da família de Moise e lugar permanente de afirmação da raça negra e luta contra o racismo!”, disse o diretor do Sintrasef ao comentar o anúncio feito durante o ato sobre os planos da prefeitura do Rio para o local.
Prisão
Na última terça-feira (1/2), três homens foram identificados pela Polícia Civil do Rio e presos pelo crime: Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; Brendon Alexander Luz da Silva, o Totta; e Fábio Pirineus da Silva, o Belo. Eles foram levados para a cadeia pública de Benfica. À polícia, todos confirmaram que foram os responsáveis pelas agressões, mas disseram que não tinham a intenção de matar. Os três trabalham na praia, mas nenhum é funcionário do quiosque Tropicália.
Repercussão internacional
A Coalizão Negra por Direitos, que reúne mais de 20 entidades e coletivos, denunciou o caso de Moïse Kabagambe à ONU. Por meio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), organização internacional afirmou que pedirá investigações sobre o crime no Brasil.
Em Brasília, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados avalia fazer diligências no local para investigar se houve crime de racismo e xenofobia. (Com agências)