Uma portaria editada pelo Ministério da Economia escancara a incoerência do governo ao tratar o funcionalismo público como vilão das contas da União.
Em uma canetada, o ministério criou um artifício para furar o teto constitucional – baseado nos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 39.293,32 – e permite o reajuste de até 69% no salário de Jair Bolsonaro e de ministros militares do governo.
A portaria que edita o chamado “teto duplo” foi publicada em 30 de abril e turbina a remuneração de aposentados e militares inativos nomeados em cargos no serviço público, que poderão acumular ganhos de até R$ 78.586,64 por mês.
Segundo o Ministério da Economia, a medida vai beneficiar cerca de mil servidores aposentados que têm cargos em governos. O impacto fiscal é estimado pelo governo em aproximadamente R$ 66 milhões ao ano.
Com a medida, que entra em vigor a partir do mês de junho, Bolsonaro passa a receber um salário de R$ 41.600, uma alta de 6%. O vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), que é general da reserva, terá um aumento de quase 64%, passando a receber R$ 63.500.
Os ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Walter Braga Netto (Defesa) e Augusto Heleno (GSI) também entrarão no “trem da alegria” do governo federal, que prega a reforma administrativa como contenção de gastos com pessoal e recusou aumentar a ajuda emergencial à maioria necessitada da população em tempos de pandemia. (Com agências) (Fotos: Nando Neves e Agência Senado)